Manuel Fernandes França Júnior [1]
Maria Milena de Oliveira [2]
Luiz Eduardo do Nascimento Neto [3]
DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/livros/3230
INTRODUÇÃO
A criação da fotografia lançada pela Academia de Ciências e Belas Artes de Paris, teve como inventor da obra Louis Jacques Mandé Daguerra em 1839. Foi uma das descobertas magnificas da humanidade, mas que era reservada em seus primórdios para a elite que queria imagens mais nítidas do que as reproduções de pinturas. Em um curto espaço de tempo a descoberta se expandiu pelo mundo e mais tarde chegando no Brasil, onde as fotografias de família e os cartões-postais, faziam parte da sociedade. A partir desse momento a fotografia foi tida como um objeto preciso de análise, onde a realidade impressa dava a ciência uma maior precisão e confiança.
Para Kossoy (2002), é pelo fato da materialidade e por a representação do real da fotografia que ela serve como documento real, ou seja, como fonte histórica. Através da fotografia podemos compreender o real, por meio de análises de fotografias do passado e comparar com o presente. E é através dessa ferramenta que analisaremos a nossa problemática de estudo, a cidade de Jardim do Seridó/RN, onde compreendemos o passado e o presente da cidade em questão. E é nessa perspectiva que as fotografias nos possibilitam ir além das descrições, pois trazem expressões vividos de outros tempos. Maria Eliza Linhares Borges (2003, p. 72) discute a respeito da fotografia na História:
As imagens fotográficas, assim como as literárias e sonoras, propõem uma hermenêutica sobre as práticas sociais e suas representações. Funcionam como sinais de orientação, como linguagens. Quando utilizadas com fins compreensivos e explicativos, elas demandam não apenas o emprego de metodologias afinadas com seus estilos cognitivos, que ajudam a ler e interpretar suas ambigüidades e seus silêncios, como também o cruzamento com outros tipos de documentos.
É nesse sentido que a autora afirma que as fotografias, é vista como um documento que informa a respeito de um determinado período histórico e é nesse aspecto que o trabalho tem por objetivo compreender o passado e o presente da cidade de Jardim do Seridó/RN, através do uso das fotografias.
METODOLOGIA
Demos início no projeto de pesquisa com a leitura do aporte bibliográfico de autores que tratam e discutem temas como a fotografia. Posteriormente pesquisamos tais como vídeos, fotografias e páginas do Instagram que tratam de conteúdos sobre a cidade. Por fim montamos um acervo com as fotografias feitas da cidade e com as fotografias pesquisadas do passado, afim de busca-las entender.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao analisarmos as fotografias antigas e compararmos com imagens capturadas em 2022 de Jardim do Seridó/RN, podemos observar a forte ação antrópica e expansão no espaço geográfico que compõe a cidade. Nessa perspectiva, houveram modificações de cunho urbano, principalmente de uso e ocupação do solo. Muitas ruas da cidade passaram a agregar valor, e posteriormente, ao longo do tempo, foram construídos moradias, praças e estabelecimentos para servir a população.
Nessa perspectiva, observa-se um exemplo de expansão urbana sob a visão de duas lentes: Uma de Heráclio Pires que conta a história de como eram os entornos Igreja de Nossa Senhora da Conceição no passado, e a fotografia com ótica contemporânea, que mostra como a modernidade alterou os traços e da paisagem presente na cidade.
A primeira imagem chama atenção para a grandiosidade da construção religiosa da igreja católica, mostrando o significado dos valores instaurados pela religião ao povo do Seridó. Evaneide Maria de Melo (2008, p.132) Fundamenta-se que:
A presença marcante da Igreja promove e/ou cria uma atmosfera imaginária de orientação no espaço urbano, processando valores e práticas culturais, fazendo com que grupos sociais se reconheçam, orientem-se pelos dispositivos de convivência social, como festejar, celebrar e devotar a vida e a morte.
Além disso, com fotografias podemos discutir acerca da história que constituí a cidade, pois mostra-se pertinente a valorização no tocante de preservação das rugosidades espaciais espalhadas pelo ambiente urbano. Para Sabino e Simões (2003), as rugosidades são resultadas de processos históricos representados através de formas no espaço geográfico de grande valor histórico.
Foto 01 e 02: Rugosidades espaciais encontradas na cidade de Jardim do Seridó/RN. (Fonte: Luiz Eduardo)
Ao caminhar livremente nas ruas, podemos observar que as belezas da cidade transcendem as dimensões do tempo e as marcas do passado se mantém até os dias atuais. Nessa perspectiva, de acordo com Sabino e Simões (2003, p. 179),
A paisagem seria uma parte do que foi efetivamente construído em diferentes momentos da história e que deixa aparentar a morfologia e as diferentes idades dos objetos no momento da observação.
Diante disso, é notório a preocupação da população em manter as construções de prédios e casas com arquiteturas antigas, estando sempre presente a essência de heranças do passado, que atualmente fazem parte da história do povo que reside na localidade.
CONCLUSÃO
Conclui-se que, as fotografias são ferramentas de análise que podem ser utilizadas tanto nos ramos das ciências sociais quanto nas ciências naturais. De acordo com a perspectiva geográfica, a paisagem urbana da Cidade de Jardim do Seridó/RN sofreu modificações ao longo do tempo. Ao analisarmos as fotografias que registram a paisagem em um momento histórico de Seridó e compararmos com as atuais percebemos que os valores culturais, principalmente os de cunho religiosos continuam sendo mantidos na vida de cada morador da cidade. A população do Seridó reconhece seu lugar de origem, e apesar da modernidade estar presente na expansão da cidade, as rugosidades espaciais representam além da beleza estética a antiga história da cidade.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a UERN pela oportunidade de proporcionar o desenvolvimento de pesquisa, em nos conceder está oportunidade no PIBIC, ainda que de forma voluntária, nos esforçamos para que o trabalho fosse desenvolvido a tempo e proporcionasse um retorno no âmbito da pesquisa para a sociedade, agradecemos de maneira extensiva ao Professor Luiz Eduardo do Nascimento Neto e aos seus familiares que nos proporcionou a idealização e a visita à cidade de Jardim do Seridó/RN, bem como a estadia e a recepção calorosa. E ainda, as forças maiores na natureza que nos possibilitam estarmos aqui.
REFERÊNCIAS
BORGES, Maria Eliza Linhares. Tradição e modernidade na mira dos fotógrafos. In: ___. História e fotografia. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
MELO, Evaneide Maria. A paisagem em foco: leituras fotográficas de Jardim do Seridó/RN. revista eletrônica inter-legere – número 03 (jul/dez 2008).
MÉLO, Evaneide Maria. A paisagem em foco: leituras fotográficas de Jardim do Seridó/RN. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação e Pesquisa em Geografia. Departamento de Geografia. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN, 2008.
[1] Pós-Graduando em Ensino de Geografia pela FAVENI, Graduado em Licenciatura Plena em Geografia pela UERN. ORCID: https://orcid.org/0009-0006-4908-4104. CURRÍCULO LATTES: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K9772897Y7.
[2] Pós-Graduanda em Geografia Ambiental pela FACULESTE, Graduada em Licenciatura Plena em Geografia pela UERN. ORCID: https://orcid.org/0009-0005-5975-3167. CURRÍCULO LATTES: https://lattes.cnpq.br/4514190982858228.
[3] Orientador. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1933-7001.
Uma resposta
Ótimo leitura!