ARTIGO ORIGINAL
PINHEIRO, José Eduardo da Silva [1], BORGES, Bruno Guimarães [2], ROBERTO, José Carlos Alves [3], CAVALCANTE, Zuila Paulino [4]
PINHEIRO, José Eduardo da Silva. Et al. A auditoria interna como instrumento na gestão de risco e fraude empresarial. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 11, Vol. 08, pp. 161-168. Novembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/fraude-empresarial, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/contabilidade/fraude-empresarial
RESUMO
Tendo em vista que as fraudes empresariais consistem em atividades ilegais que podem prejudicar as empresas e até mesmo causar falências, este artigo se propôs a investigar: como a auditoria interna contribui para a prevenção de riscos e fraudes dentro de uma empresa? Nesse aspecto, adotou-se como objetivo geral identificar o papel da auditoria interna na gestão de riscos e fraudes no âmbito empresarial. Para tanto, realizou-se uma revisão de literatura, com natureza qualitativa e com fins exploratórios, alcançando, como resultados, a constatação de que a auditoria tem o objetivo de analisar as demonstrações contábeis com o intuito de avaliar a legalidade das movimentações financeiras da empresa, contribuindo na identificação de irregularidades para a criação de medidas preventivas contra riscos e fraudes empresariais.
Palavras chave: Auditoria interna, Controle, Fraude, Empresas, Riscos.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Marras (2017), é através da gestão que as empresas podem administrar os processos de forma segura e estratégica, evitando riscos e fraudes internas. Dessa forma, é necessário a utilização de ferramentas de gestão que possibilitam prevenir e reverter os riscos que podem interferir no crescimento organizacional.
Segundo Crepaldi e Crepaldi (2016), nem sempre controles internos e procedimentos claros limitam o risco de fraude interna. Por essa razão, esta pesquisa se propôs a investigar: como a auditoria interna contribui para a prevenção de riscos e fraudes dentro de uma empresa? Diante disso, teve-se como objetivo geral identificar o papel da auditoria interna na gestão de riscos e fraudes no âmbito empresarial.
Dessa forma, definiu-se como objetivos específicos: abordar sobre a auditoria, trazendo, em especial, o conceito de auditoria interna; e, por fim, apontar a sua contribuição na prevenção de riscos e fraudes corporativas.
Isto posto, ressalta-se que esse estudo foi realizado através de uma revisão de literatura, com natureza qualitativa e com fins exploratórios.
2. AUDITORIA
Segundo Almeida (2012), a auditoria é uma ferramenta usada na contabilidade com o objetivo de examinar e verificar os registros financeiros de uma empresa, a fim de garantir que essas informações sejam representadas de forma justa e precisa. Nesse contexto, o autor expõe que a auditoria é tão antiga quanto a contabilidade, de modo que foi utilizada em todos os antigos países, como: a Mesopotâmia, a Grécia, o Egito, a Roma, o Reino Unido e a Índia, com o propósito original de detectar e prevenir erros e fraudes.
Todavia, conforme destaca Cardozo (2013), esta ferramenta evoluiu e se expandiu rapidamente após a revolução industrial no século XVIII, onde o seu objetivo passou a ser apenas verificar se as contas eram verdadeiras e justas.
Assim sendo, segundo Batista (2017), atualmente, as auditorias são realizadas para garantir que as demonstrações financeiras sejam preparadas de acordo com as normas contábeis relevantes. Nessa linha, destaca-se como umas das principais demonstrações financeiras: a declaração de renda, o balanço patrimonial e o demonstrativo de fluxo de caixa.
De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2016), as demonstrações financeiras fornecem informações sobre as atividades e as operações realizadas dentro da organização, incluindo investimentos, finanças e transações. Por sua vez, essas demonstrações financeiras ocorrem internamente, através de muitos processos e setores, o que abre espaço para a ocorrência de fraudes nas próprias demonstrações financeiras.
Assim, com a ausência de regras e padronização do mecanismo, os profissionais responsáveis por realizar as demonstrações podem facilmente alterar quaisquer dados internos financeiros, podendo fazer com que pareça que a organização possui lucros mais altos do que os reais. Por isso, segundo Pinheiro (2013), a auditoria interna trabalha na prevenção e identificação de possíveis comportamentos fraudulentos.
2.1 AUDITORIA INTERNA
De acordo com Moura, Lavor e Barbosa (2017), a auditoria interna refere-se a um serviço independente para avaliar os controles internos de uma organização, suas práticas corporativas, seus processos e seus métodos. Dessa forma, ela ajuda a garantir sua conformidade com as várias leis aplicáveis a uma organização.
Segundo Santos e Vier (2014), o objetivo de uma auditoria interna é verificar a eficácia e os padrões operacionais enquadrados por uma organização em suas operações, quanto à realização de pedidos e pagamentos e aceitação de entregas, por exemplo. Além de ajudar também a analisar se os funcionários estão seguindo os padrões operacionais internos.
Segundo Rodrigues (2013), a auditoria interna visa garantir a conformidade da organização com a lei e os regulamentos, fornecendo um grau de segurança e gerenciando riscos decorrentes de fraude, abuso de poder ou qualquer outro cenário. Um auditor interno fornece à administração sua avaliação objetiva dos processos e contas, podendo isto servir para melhorar o desempenho operacional e financeiro da organização.
Nesse aspecto, de acordo com Crepaldi e Crepaldi (2016), uma auditoria interna pode ser anual, mensal ou trimestral, segundo a necessidade da organização. E, em certos casos, a empresa deve obrigatoriamente nomear um auditor interno.
Conforme Rocha (2016), os serviços regulares de auditoria interna auxiliam a empresa a garantir sua manutenção no mercado competitivo. Os auditores monitoram, analisam e avaliam os riscos que podem estar presentes nas atividades corporativas, avaliando, também, o controle realizado no ambiente interno. Além disso, é função da auditoria interna revisar e ver se os itens em conformidade estão de acordo com as normas estabelecidas pelas leis.
Através desse contexto, é possível afirmar que a auditoria interna tem o papel de analisar os documentos que estão envolvidos com os objetivos e o desempenho da organização. Assim, por meio dessa auditoria interna, é possível analisar as estratégias que estão sendo seguidas pela empresa.
3. A AUDITORIA NA PREVENÇÃO DE RISCOS E FRAUDES
Segundo Crepaldi e Crepaldi (2016), a auditoria é diferente da contabilidade, pois esta última é direcionada para a preparação das demonstrações financeiras, enquanto aquela tem como propósito a verificação dessas demonstrações financeiras, visando desenvolver relatórios sobre a posição financeira e o resultado da operação da organização.
Logo, o principal objetivo da auditoria no setor contábil é fundamentar a precisão das demonstrações financeiras preparadas pelo contador, enquanto o seu objetivo secundário é detectar e prevenir erros e fraudes (ARRUDA, ARAÚJO e BARRETO, 2017).
Segundo Pinheiro (2013), a auditoria interna é capaz de identificar quaisquer fraudes por parte dos funcionários, como desvio de fundos. Além disso, ela também permite identificar se há excessos de custos deliberados e se um determinado fornecedor está obtendo preferência sobre outros fornecedores de baixo custo. As fraudes corporativas consistem em atividades ilegais realizadas por um indivíduo ou uma empresa de forma desonesta e antiética. Nesse contexto se insere a fraude operacional, como as fraudes que acontecem nas operações internas/externas da cadeia de suprimentos, a qual pode ser dividida em duas classificações básicas de fraude, a saber: a organizacional e a ocupacional.
Assim, dentre as fraudes que podem ocorrer no ambiente organizacional, Moura e Lavor (2017) destacam o desvio de dinheiro, que envolve a apropriação indevida de recebimentos em dinheiro, e o roubo, onde o criminoso rouba dinheiro da caixa registradora imediatamente após processar as transações de venda.
Além disso, Crepaldi e Crepaldi (2016) acrescentam o pagamento fraudulento como um outro tipo de fraude organizacional, em que os infratores desembolsam dinheiro da empresa para si ou para cúmplices por meio de golpes, dos quais vale destacar: fraude de fatura, fraude salarial e fraude de despesas.
Diante disso, Campo (2022) ressalta que também pode ocorrer fraude nas folhas de pagamentos, onde o fraudador falsifica notas fiscais para induzir a empresa a pagar um salário a terceiros, envolvendo os chamados funcionários fantasmas. Ademais, a falsificação de declarações por superestimação de despesas ou a emissão de faturas falsas também são práticas comuns.
Nesse contexto, Ribeiro (2019) afirma que a auditoria interna desempenha um papel importante, não apenas para ajudar a reduzir o impacto financeiro e reputacional da fraude, mas também para evitar prejuízos aos objetivos de negócios. Essa ferramenta possibilita a revisão dos planos anuais para garantir que os controles de detecção sejam tão rigorosos quanto os controles preventivos, de modo que, se houver alguma fraude, ela seja identificada por verificações e monitoramentos de gerenciamento.
Logo, uma série de vantagens pode ser alcançada ao ter as contas auditadas por um profissional qualificado, como: detecção precoce de erros e fraudes e confiabilidade de contas (ARRUDA, ARAÚJO e BARRETO, 2017)
4. CONCLUSÃO
Mediante o questionamento: como a auditoria interna contribui para a prevenção de riscos e fraudes dentro de uma empresa? Verificou-se que esta tem o objetivo de analisar as demonstrações contábeis com o intuito de avaliar a legalidade das movimentações financeiras da empresa. Logo, sua contribuição está na identificação das irregularidades para a criação de medidas preventivas contra riscos e fraudes empresariais.
Nesse contexto, entende-se que a auditoria interna deve considerar onde o risco de fraude está presente dentro da organização, a fim de responder a isso adequadamente, verificando os controles dessa área e avaliando o potencial de ocorrência de fraude nesse âmbito.
Posto isso, recomenda-se que futuras pesquisas sejam feitas com o propósito de discutir sobre a utilização primária da auditoria interna na prevenção de riscos e fraudes organizacionais.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Bruno José Machado de. A contabilidade e Auditoria na Sociedade Atual: uma análise sistémica. Pensar Contábil, v. 14, n. 54, p. 15-26, 2012. Disponível em: http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/pensarcontabil/article/viewFile/1336/1233. Acesso em: 12 ago. 2022.
ARRUDA, Daniel Gomes; ARAUJO, Inaldo da Paixão Santos; BARRETTO, Pedro Humberto Teixeira. Auditoria contábil: enfoque teórico, normativo e prático. São Paulo: Saraiva Educação, 2017.
BATISTA, Daniel Gerhard. Manual de controle e auditoria. 1. Ed. São Paulo: Saraiva Educação SA, 2017.
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CREPALDI, Silvio Aparecido; CREPALDI, Guilherme Simões. Auditoria contábil. 6. Ed. São Paulo: Gen. Atlas, 2016.
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[1] Graduando do curso de Contabilidade. ORCID: 0000-0003-3960-4744.
[2] Graduando do curso de Contabilidade. ORCID: 0000-0001-8804-6342.
[3] Orientador. Mestre em Engenharia de Produção. Especialista em Logística Empresarial. Graduado em Administração com Ênfase em Marketing.
[4] Co-orientadora. Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Amazonas, Especialista em Auditoria pela UFAM, Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Amazonas.
Enviado: Setembro, 2022.
Aprovado: Novembro, 2022.